Este artigo, a rigor, não foi escrito por mim.
Trata-se de um resumo feito para fins didáticos a partir de uma palestra proferida pelo Médico Pediatra David D. Winnicott proferida na Royal Medico – Psychological Association, Psychotherapy and Social Psychiatry Section em Londres.
Inicialmente o apresentador afirma que não se pode avaliar ninguém sem levar em conta seu lugar na sociedade. A maturidade significa um movimento em direção à independência mas que não existe essa tal de independência. Ou seja ela é sempre relativa.
Se estamos vivos estamos dependentes.
Coloca a seguir que a saúde social depende da saúde individual e que a sociedade não passa de uma massificação de indivíduos. Registra que a saúde comum das massas tem dificuldades em avançar na medida em que precisa gastar energia com os cuidados aos seus membros enfermos.
A MATURIDADE E A IDADE
A tendência para o amadurecimento é herdado e ocorre a partir de um ambiente satisfatório ou seja, que favoreça as tendências naturais herdadas.
Nessa fase é muito importante a função que ele chama de “preocupação materna primária”. Cabe a ela evitar ou amenizar “traumas” que interrompem o processo de amadurecimento ou seja a sua quebra de ritmo. Aos poucos e sem tropeços significativos vai se formando a personalidade.
INTER RELAÇÕES MÃE-BEBÊ
Mesmo quando o bebê está vivendo num mundo subjetivo a saúde não pode ser descrita apenas em termos individuais.
Há um sentido bidirecional mãe-bebê até que a criança desenvolva sua “experiência de onipotência”.
AS ZONAS ERÓGENAS
Com Sigmund Freud toda avaliação de saúde precisava ser feita em termos de estágios ou fases de acordo com as predominâncias sucessivas das zonas erógenas. Isso continua válido. Lembremos da hierarquia : fase oral, fase anal e uretral, estágio fálico ou exibicionista, a genital (dos três aos cinco anos).
A seguir uma criança saudável alcança o período de latência quando o sistema endócrino “começa” a se apresentar.
É o momento de uma intervenção para se tratar com naturalidade o que ocorre nessa fase.
Vem a seguir a puberdade onde podem ocorrer confusões e dúvidas, especialmente quanto a identidade.
Nessa fase os observadores mais apressados podem tirar conclusões erradas a partir do que observam como comportamento do adolescente.
A medida que rapazes e moças adolescentes deixam para traz esse estágio começam a se sentir seres reais, isto é adquirem um senso de “self” e o senso de ser. Isso é saúde.
Assim, também a plena realização sexual também é sinal de saúde e de completude.
Ressalte-se que nesse período a impotência pode “machucar” mais do que o estupro.
O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE
O comportamento de um indivíduo saudável é caracterizado por medos, conflitos, dúvidas, frustrações tanto quanto por características positivas.
O importante é que se viva a própria vida assumindo responsabilidades por nossas ações e inações, acolhendo os aplausos e reprovações, saindo-se assim da dependência para a independência e autonomia.
O DESENVOLVIMENTO NOS PRIMEIROS ESTÁGIOS
A palavra-chave aqui é integração, que abrange quase todas as fases do desenvolvimento. É aqui que o bebê passa do “Eu sou” para o “Eu faço”.
Contudo, devemos lembrar que o traço saudável está no fato de o adulto não parar de se desenvolver emocionalmente.
A PARCERIA PSICOSSOMÁTICA
O manejo adequado pela mãe “suficientemente boa” destina-se a facilitar a obtenção, pela criança, de um “psique-soma” que viva e atue em harmonia consigo mesma. Em pessoas saudáveis o uso do corpo e de suas funções e das coisas prazerosas da vida, e isso se aplica de modo especial aos adolescentes.
ESTABELECENDO RELAÇÕES OBJETAIS
O processo maturacional impulsiona o bebê a relacionar-se com objetos; no entanto isso só pode ocorrer efetivamente quando o mundo é apresentado ao bebê de modo satisfatório.
A mãe que consegue funcionar como um agente adaptativo apresenta o mundo de forma que o bebê comece com um suprimento de “experiência de onipotência”, que constitui o alicerce apropriado para que ele, depois, entre em acordo com o principio da realidade. Há um paradoxo aqui, na medida em que, na fase inicial, o bebê cria o objeto, mas o objeto está lá, e o bebê não pode tê-lo criado. Deve-se aceitar o paradoxo, não resolvê-lo.
Uma grande parte da vida saudável tem a ver com as várias modalidades de relacionamentos objetais e com o processo de vai e vem como objetos internos e externos. Todas essas coisas andam juntas e combinam-se realimentando a realidade interna. Identificações projetivas e introjetivas acontecem a todo instante. Apesar disso cada pessoa apresenta uma realidade interna única.
DOIS TIPOS DE PESSOAS
Existem dois tipos de pessoas. Temos aquelas que jamais se desapontaram enquanto bebês e que são candidatas a viver alegremente e a aproveitar a vida. E há aquelas que sofreram experiências traumáticas , provenientes de decepções do ambiente e que necessitam carregar consigo as lembranças do momento traumático vivido. Estas são candidatas a levar vidas tempestuosas e tensas e serem, talvez, candidatas preferenciais a doenças.
Contudo, podemos considerar também um grupo intermediário. Aqueles que trazem ansiedades arcaicas, mas que apesar de defendidos contra recordações das ansiedades, vão usar qualquer oportunidade para adoecer. Mesmo nesses casos persiste a tendência para um desenvolvimento sadio. Nestes casos podem ser incluídas dentre os saudáveis.
Para não me alongar demais, omiti alguns aspectos importantes da referida Palestra, mas me coloco a disposição para comentá-los se alguém tiver interesse..